quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Estádio do Gaúcho de Passo Fundo é arrematado em leilão

Hospital São Vicente de Paulo é o comprador do patrimônio do Gaúcho 
Hospital comprou a área por R$ 8,6 milhões

O Hospital São Vicente de Paulo adquiriu o Estádio Wolmar Salton pelo valor de R$ 8,6 milhões. O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira, no auditório do Ministério Público Estadual de Passo Fundo. O montante, que será pago num total de seis parcelas, vai servir para beneficiar o jovem Alexsandro Paz Dikeh, de 26 anos, que, no ano de 1998, quando tinha apenas 12 anos de idade sofreu um acidente na piscina do Sport Club Ga��cho e hoje está interditado pela justiça, além de outros credores do clube.

O que sobrar deve ser revertido ao Sport Club Gaúcho, para que possa iniciar a construção seu novo estádio, num terreno cedido pelo município, localizado entre a Efrica e o Ginásio Teixeirinha, também no bairro Boqueirão. O presidente do S.C. Gaúcho, Gilmar Rosso, o promotor de justiça Mário Guadagnin, o presidente do HSVP, Décio Ramos de Lima e os advogados Cássio Moreira e José Alexandre dos Santos, que defendem os interesses de Alexsandro, fizeram parte da mesa. Ainda faltam alguns detalhes para que o imóvel seja passado para o nome do hospital, mas isso deve se resolver em mais alguns dias.

Intervenção do MP
O promotor Mário iniciou dizendo que, num ato informal, gostaria de fazer o esclarecimento sobre a razão da intervenção do Ministério Público nos processos que envolvem o Estádio Wolmar Salton. Ele disse que em função do jovem Alexsandro estar interditado, a promotoria teve que intervir no processo para preservar seus interesses, além de todos os processos judiciais movidos contra o clube. “O MP pediu várias providências e uma delas foi a da nomeação de um administrador judicial para o imóvel. O juiz atendeu ao pedido e nomeou o dr. Cássio Moreira, que passou a atuar também junto com o dr. José Alexandre como procurador constituído pela família do Alexsandro”, explicou.

Acordo
De acordo com ele, o valor que fosse auferido com a venda do imóvel não iria servir para beneficiar somente Alexsandro, mas todos os credores trabalhistas do clube. “A ideia era desde o início contemplar a todos os credores, principalmente os trabalhistas, mas havia alguns empecilhos”. O primeiro é que a arrematação era questionada na justiça, inclusive pelo clube, e também pela Fazenda Pública Nacional. O segundo era que existiam inúmeras penhoras na matrícula do imóvel e o terceiro é que o estádio havia sido tombado pelo governo municipal. “Isso tudo dificultava a venda e o comprador, em princípio, não poderia modificar a estrutura do local”, disse o promotor Mário.

Consenso
Em razão de todas essas dificuldades, ele explica que todos os envolvidos passaram a trabalhar para fazer uma negociação para que se pudesse firmar um acordo que satisfizesse todas as partes. “Chegou-se a esse acordo, que no entender do MP, preserva os interesses do curatelado, Alexsandro. Foi feita uma grande obra e todos colaboraram para que houvesse essa decisão consensual. Todos cederam um pouco, abriram mão de partes dos seus direitos e em parte, saem beneficiados”. Com isso, segundo ele, o acordo evita mais anos de litígio judicial em que o jovem Alexsandro não teria nenhum proveito e em que o estádio iria continuar como está hoje. “Se não fosse essa solução, os processos se arrastariam por anos”.

Melhor oferta
Ao tomar a palavra, o advogado Cássio Moreira disse que sempre procurou atuar na defesa dos direitos de Alexsandro, mas sempre mantendo contato direto com o SC Gaúcho. “Tivemos algumas diferenças, mas nunca nos desrespeitamos. Estávamos tentando a venda do imóvel, mas, em função dos entraves, tudo se tornava muito difícil”. Depois de levar em consideração essa situação, Cássio fala que procurou uma aproximação maior do clube. A intervenção do MP, segundo ele, foi fundamental para o acordo. “Numa reunião entramos em consenso e decidimos que, por um acordo geral, inclusive com a colaboração do município seria a única maneira viável de conseguirmos efetiva a venda do imóvel, sempre prevalecendo a melhor oferta, que foi do HSVP”.

Nova fase
Gilmar Rosso, muito emocionado, disse que, quando assumiu a presidência do clube, há três anos, passava uma caixinha entre os torcedores, que ali depositavam pequenos valores para que o Gaúcho pudesse ter alguma renda. “Mesmo com todas as dificuldades que enfrentávamos muitas pessoas não deixaram o Gaúcho morrer. Isso me veio à memória. Hoje concretizamos o que iniciamos correndo a caixinha lá em Marau”. Professor de História e Sociologia, ele fez questão de lembrar que antes de tudo, sempre procura valorizar o lado humano das pessoas. “Sempre peço para que meus alunos façam um trabalho sobre humanismo e sobre o que essa palavra significa. Nada é mais importante que o ser humano e isso, desde o primeiro instante, sempre preservamos no Gaúcho. Hoje começa uma nova fase na história do Gaúcho”.

50 anos

O médico Décio Ramos de Lima disse que aquele era um dos dias importantes de sua vida, porque estava ali representando uma instituição muito tradicional de Passo Fundo e lembrou que o Sport Clube Gaúcho e o Hospital São Vicente de Paulo foram criados no mesmo ano. “O Gaúcho é mais velho por menos de 40 dias. O HSVP não tem dono e é administrado até hoje pelos vicentinos e que trabalha para que o município se consolide como polo regional”. Ele disse que a aquisição da área do estádio, possibilita ao HSVP pensar a saúde em Passo Fundo pelo menos pelos próximos 50 anos. “Para nós, é um orgulho muito grande. Precisamos dessa área porque não temos mais para onde ampliar o hospital. Graças ao esforço de todos, hoje estamos coroando essa compra. Com isso estamos fazendo com que a história de um clube que faz parte da história de Passo Fundo”.

O Nacional